Além do corno, o mico...
E Eliot Spitzer foi pego com as calças na mão. Uma investigação que mirava corruptos ou terroristas acabou acertando um marido galinha. Pra quem não está ligado nos babados novaiorquinos, estou falando do governador de NY que gastou mais de oitenta mil dólares com os serviços da profissão mais antiga do mundo... Ele não foi o primeiro, e certamente não será o último homem público a ser descoberto pulando o muro. Nas terras de lá, Bill Clinton talvez seja o caso mais famoso, pelas peripécias feitas com uma estagiária nos salões da Casa Branca. Nas terras de cá, essas coisas tem menos destaque, talvez por que não sejamos tão moralistas quanto os americanos, mas de vez em quando surgem na mídia notícias de políticos envolvidos em farras e orgias, financiadas com o nosso suado dinheiro. O mais recente escândalo verde-amarelo foi protagonizado pelo Presidente do Senado Renan Calheiros, e a bem da justiça, é preciso dizer que a Mônica de Renan dá de mil a zero na de Clinton.
Já se especulou a respeito do que move um homem público a se arriscar nessas aventuras sexuais, sem se preocupar com o tanto que tem a perder. Diz-se até que as razões são as mesmas que o alçaram a uma carreira de sucesso: ousadia, desejo de novas experiências e sensações extremas, altos níveis de testosterona, sede de poder, sentimento de invencibilidade. Tudo muito masculino... Quanto aos objetos de desejo, as amantes, também é fácil entender que algumas mulheres sejam seduzidas pela oportunidade de conseguir fama e um substancial incremento na sua conta bancária. Se observarmos bem, elas sempre saem das histórias melhor do que entraram: são fotografadas em revistas masculinas, aparecem em programas de TV, publicam livros, dão entrevistas, viram atrizes, tudo isso a preço de ouro... Nada mal, não?
Mas o que realmente me intriga quando esses casos vêm à tona, é a atitude das esposas enganadas. No auge do escândalo, Silda Spitzer, Hillary Clinton, Verônica Calheiros e outras apareceram na TV ou nos jornais, ao lado dos seus respectivos, nem sempre firmes e fortes, mas solidárias... O que leva uma mulher traída e com sua vida pessoal exposta abertamente na mídia a se humilhar publicamente para dar apoio moral ao marido pecador? Fisionomias compungidas, atitude quase maternal diante de uma travessura, declarações do tipo: "Não sei como meu marido caiu nessa... Homem é mesmo muito besta!” são resultado de que? O que se passa na cabeça dessas mulheres? Não questiono aqui o perdão, a aceitação da traição. Cada um sabe onde aperta o calo, já dizia minha avó, e quem sou eu para julgar o que acontece na vida de um casal? Ninguém realmente sabe o que acontece entre quatro paredes, e a absolvição ou a condenação nesses casos são escolhas muito complexas, só os envolvidos podem decidir. Mas pensando de novo na minha sábia velhinha, lembro que roupa suja se lava
Helena Meyer
Março 2008